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o texto a seguir não contém spoilers

Coringa, dirigido por Todd Phillips, precisa ser discutido com uma certa sensibilidade artística e teórica. Pois, as cortinas são escancaradas e enxergamos a oposição que está para além do antagonismo de classe que constrói o plano de fundo o qual o personagem está inserido. Essa é uma produção de contrastes, entre os “indivíduos” e os “outros”, entre a modernização e a precarização, e até mesmo entre as naturezas do vilão. Nesse sentido, logo nos primeiros minutos do longa, Arthur parou. Pregado no chão enquanto um acontecimento incompreensível rolava diante seus olhos. Crianças o chutavam. Riam. Ele, o palhaço, simbolo de uma infância alegre, agredido por aqueles que deveriam o admirar.

A ruptura entre o que deveria ser e o que realmente é fica exposta. O circo de horrores que a sociedade se tornou (ou sempre foi) começa a ser denunciado. O refugo humano*, efeito colateral da modernidade, transforma Gotham em palco para o surgimento de “coletores de lixo” – seres esmagados, desconsiderados que exercem os trabalhos indesejados. E, a fotografia de Lawrence Sher evidência ainda mais esses fatores ao exibir uma cidade suja e crua, praticamente abandonada.

Um cenário sombrio cerca a vida de todo ‘refugo humano’, principalmente a do nosso protagonista Arthur Fleck (Joaquin Phoenix). A partir de uma analise superficial, o filme aparenta tentar vitimizar, justificar e até romantizar o vilão, mas isso não passa de um equivoco. Essa sensação surge em decorrência de que o filme nos mostra o mundo pelos olhos dele e não pelos nossos. É como se estivéssemos inseridos dentro de sua mente. E, conforme vamos sendo arrastados pela suas experiências, tudo torna-se mais claro e ainda mais caótico. Nos deparamos com um ser desprovido de compaixão, cruel e que indaga se ele de fato existe. Existir, o que é existir? A resposta, para ele, talvez seja ser visto, conhecido e arrisco dizer aclamado; e há sentido nesse desejo de tornar-se conhecido, já que ele, portador de uma doença mental, nunca havia sido respeitado.

O filme critica com muita inteligência o modo que tratamos os “diferentes”. A sociedade como um todo.

Já pelo lado artístico, é necessário nos familiarizarmos superficialmente com a expressão do personagem para que possamos a apreciar propriamente. O corpo é seu principal instrumento, e o que sustenta toda a parte mais artística da produção. Vemos uma junção de diferentes técnicas que expandem os reflexos nos levando a um novo tipo de consciência e tornando Coringa intrigante e memorável. Seus movimentos caricatos, lentos e precisos representam um outro lado da realidade com um enfoque mais pessoal. Seu lado humano está na sua dança, no seu olhar, na sua risada. Uma das melhores cenas que afirmam o encontro do humano com o cruel, está no seu primeiro assassinato. As luzes apagam, acendem. O metro anda rapidamente. Tudo está em movimento. Em um piscar de olhos, pinceladas vermelhas de sangue mudam a aparência do metal. E ele, dança tranquilamente permitindo que tenhamos uma visão de seu interior, que apesar de não expressar arrependimento, apresenta pequenos resquícios de confusão.

Mas, apesar de todos esses fatores expostos nos parágrafos anteriores, a longa metragem não é surpreendente. O que a sustenta, também a afunda. Digo isso me referindo a atuação espetacular e relevadora de Joaquin. Não há como negar a impecabilidade de seu trabalho, mas o diretor apoiou-se muito nesse fator e deixou outros aspectos da produção em segundo plano, empobrecendo-a. Algumas horas após sair da sala, eu já havia esquecido toda a trama mas as expressões que Joaquin transferiu pelas telas, continuam rodando constantemente em minha memória. Seu olhar, trouxe dor. Sua risada, que continua sendo reproduzida nos meus ouvidos, intensificaram ainda mais esta angustia e incomodo que o filme dissemina.

*Refugo humano é uma definição que Bauman atribuiu aos seres que foram jogados para fora do carro da modernidade pela sociedade de consumo. É o nome dado aos excluídos, marginalizados.

O filme já está disponível nos cinemas.

Confira o trailer!

Alinne Torre
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