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Nina Fernandes é a mistura ideal do folk americano, do medieval com toda a diversidade da música brasileira. Com composições profundas, arranjos tranquilos, e vídeos musicais que fogem do senso comum, ela vai além do que é esperado para uma artista de 19 anos.

Vamos iniciar conversando um pouco sobre a sua música ‘Arroz com Feijão’. A letra, me corrija se eu estiver errada, mostra uma estória de amor. Mas não é um romance muito saudável, certo? O que você pode dizer sobre o que há por trás das palavras?

Eu acho que ‘Arroz Com Feijão‘, fala sobre, como você bem disse, uma estória de amor entre duas pessoas, que pelo estilo, arranjo, sonoridade e timbres pode fazer entender que é uma música toda fofinha sobre um amor perfeito. Mas no fim das contas, ela é uma música triste sobre um sentimento que não parece ser muito correspondido, né?

Eu gosto do paralelo que essa música traça com o arroz com feijão como se o amor pudesse ser algo muito perfeito, mas no fim das contas a gente não sabe de nada da vida, e as vezes, aquele casal que a gente acha que dá tudo super certo nem sempre é um casal absolutamente perfeito.

Ainda falando sobre essa música, a doçura da sua voz transforma o tom melancólico da letra em tranquilidade. Gravar a produção audiovisual em um parque de diversões, também foi um modo de transformar algo que é considerado triste em alegre?

Acho que sim. A gravação desse clipe foi muito bacana porque eu pude juntar essas interpretações todas em um clipe e não há nada mais legal do que transformar algo que é musicado em algo que se pode ver. De fato,
eu e Prodigo (a produtora) a gente quis fazer esse “storytelling que é quase como um filme que a gente quis criar ali com esse rigor estético, direção de arte e fotografia, que eu sempre gosto de ter. E também com quadros bastante plásticos e pequenas esquetes que a gente vai fazendo, mas na verdade, é uma estória só.

Uma coisa que eu gostaria de destacar bastante desse clipe é a questão do final inesperado. Porque de fato criamos uma sensação, que eu acho que a música toda cria de maneira geral , que é essa ideia de que tudo está muito perfeito, em um parque de diversões mágico, lúdico, quase fora da realidade. E de fato depois a gente chega em um cenário inesperado, ele é tragicômico. É uma maneira engraçada de falar sobre essa questão das aparências, das coisas nem sempre serem e terminarem como a gente imagina, como eu acho que é no caso dos casais e das canções de amor.

As vezes a gente escuta uma canção na rádio e acha que aquele artista escreveu em um momento de paixão fervorosa, e as vezes não era isso. As vezes o cara estava com raiva e só precisava colocar aquilo para fora.

Seu último disco, ‘Digitando…’, traz muita honestidade. Você acredita que as pessoas possam realmente se identificar com as suas composições, ou é algo tão pessoal que se refere exclusivamente as suas experiências?

Eu acho que quando a gente está falando de músicas mais no universo dos relacionamentos, do amor entre um casal, acho que talvez as pessoas tenham um nível de identificação maior, ou pelo menos era isso que eu achava. Quando eu lancei o ‘Digitando…’ no inicio desse ano me surpreendi muito positivamente com isso, porque músicas como ‘Alice‘ e ‘Tempo’, que são músicas que falam sobre admiração artística e ansiedade, foram muito bem recebidas. Eu percebi que as pessoas também se identificam com outros temas, e não apenas os mais convencionais.

A gente fala muito sobre os ouvintes hoje em dia e como a música regrediu, mas acho que as pessoas estão mais abertas a outros temas. No caso de ‘Arroz com Feijão’ talvez facilite a identificação por ser uma música desse joguinho, que é bem frequente no inicio de uma paquera.

A música ‘Alice’, também pode ser sobre máscaras sociais?

Eu confesso que eu nunca pensei nela de uma forma muito profunda, eu sempre quis falar dela de uma forma mais literal. Na verdade estou falando de uma atriz que eu sempre admirei muito, a Alice Wegmann, que fazia o papel na primeira novela que eu assisti na vida. Muitos anos depois, eu liguei a televisão no final da noite e a vi em ‘Onde Nascem Os Fortes’. Fiquei semanas com aquela cena na cabeça e como era uma série que se passava no Nordeste, fiz uma melodia que se passa no sertão.

Se formos falar de uma forma mais metafórica fiquei pensando nessa questão da admiração da televisão, e também podemos dizer que eu estava falando pelo ponto de vista de um fã. É fofo e bonito de explorar ver alguns fãs do meu trabalho também se emocionando com artistas que eles gostam sendo fã de coisas. Porque é isso, a gente sendo vivo é fã de algo. Explorar essa questão e mil facetas que a arte tem foi muito bonito para mim.

Você comenta bastante em suas composições sobre “encontrar a si mesma”. Você já se encontrou ou acredita que esse caminho pela música será uma forma de se encontrar?

Eu acho que para o resto da vida a gente fica tentando se achar, sempre dizem que ser artista é também saber lidar com a frustração de dois minutos depois de lançar a música, perceber que você faria tudo diferente.

Eu não posso generalizar, mas a maioria dos artistas que eu conheço passa por esse processo. Porque no fim das contas, a gente como ser humano está exposto a um milhão de influências todos os dias e cada hora achamos que podemos nos comunicar de um jeito diferente. Então, eu acho que essa busca será pelo resto da vida e tenho certeza que eu ainda não esterei cem por cento satisfeita nem com o último disco que eu lançar na vida. Talvez a arte seja um caminho para nos comunicarmos de maneiras diferentes dependendo da fase e de nos sentirmos contemplados.

Como você define a sua identidade musical e o que ela revela sobre o seu eu interior?

Eu gosto muito música brasileira e ela exerce muita influência na minha identidade musical, mas por outro lado, eu sempre ouvi muita música pop norte americana, então em termos de sonoridade com certeza eu gosto de ir por ali. Mas, não sei, acho que seria uma junção muito louca a junção entre essas duas coisas. Eu cresci ouvindo muito Marisa Monte, que talvez seja uma das minhas maiores referências na música, pela elegância e maneira belíssima que ela foi construindo o repertório. Vejo meu som, de uma forma um pouco menos brasileira e um pouco mais apoteótica.

Eu tenho ouvido muito Aurora, que é uma artista norueguesa que me inspira muitissimo, então, eu acabo sendo uma junção pela paixão pela música brasileira com essa sonoridade folk meio épica, meio apoteótica.

Como foi conhecer a Aurora?

Foi muito emocionante, eu fiquei muito feliz, foi um sonho da vida. Ela é um amor, uma paixão. Assistir ao show dela foi uma experiência que valeu por tudo. E depois, conhecê-la e ainda por cima saber que ela tinha notícia do meu trabalho, foi muito bonito.

Um sonho para mim é em algum ponto da minha carreira ter algum tipo de interação musical com ela, nem que fosse uma aula. Ela é uma artista que se entrega no palco, e é isso que me inspira.

Que outros artistas te inspiram?

Bom, essa ferramenta maravilhosa chamada Spotify e Apple Music são meus aliados da vida, eu descubro um artista por semana e isso é um avanço na música que gerações passadas não tiveram o privilegio de ter.

Eu tenho ouvido muitos artistas um pouco lado B. Eu gosto de
Maggie Rogers, Billie Eilish (desde quando ela estava mega começando), Bruno Major, OutroEu, 5 a seco… Eu escuto um pouco de tudo, mas como em termos de sonoridade tenho buscado por timbres mais eletrônicos eu tenho ouvido muita música gringa. O que eu mais estudo na faculdade são as músicas brasileiras, e em casa acabo ouvindo mais em inglês.

Falando em inspiração, de onde vem a ideia para a criação desse novo mundo nada convencional presente em seus clipes?

Desde quando a gente fez o clipe de ‘Cruel’, como até te disse no inicio, eu me apaixonei pelo mundo cinematográfico e essa questão do “storytelling”. Na minha família todo mundo sempre foi muito apaixonado por cinema, meu irmão estuda isso e meu pai trabalha com isso, então, foi quase inevitável.

Acho muito bonito perceber que no Brasil o fã ainda da muito valor para isso, porque no fim das contas ser artista no Brasil é um investimento muito grande, e as vezes o conteúdo audiovisual é a ultima coisa onde se coloca mais investimento, falando de artistas principalmente da MPB. Geralmente as produções de conteúdo de áudio são muito boas e nos clipes desanda um pouco, se bem que tem trabalhos muito incríveis no Brasil.

Eu acabei me apaixonando por esse segmento porque não há nada mais bonito e mais importante também, porque eu acho que complementa uma história. A música brasileira tem essa característica desde Chico Buarque, Caetano Veloso, que são artistas que você vê aquela menina que falam na sua frente, quase uma pintura. As palavras são uma pintura, você vai imaginando tudo na sua frente.

O que as imagens apresentadas no vídeo musical de ‘Cruel’ representam?

A ideia no caso do Clipe de ‘Cruel’ era falar sobre a questão das memórias e de como elas tinham ficado maiores do que se podia suportar. Acabamos explorando muitos objetos, e e os seus tamanhos e quantidade em quadro, e a importância deles nessa estória e acabamos viajando. Eu e as meninas, as irmãs Fridman, que são geniais, e muito talentosas. Esse foi o primeiro filme delas, e foi muito bonito que fomos compondo essa estória que de fato é lúdica e isso é mostrado na própria atmosfera de ‘Cruel’, em uma coisa soturna.

Os objetos representam as memórias que não voltam, porque o mundo é cruel. E a questão da casinha onde essas memórias estão vai crescendo, e levanta voo, porque as memórias precisam ir em alguma hora.

Que música você indicaria para quem não conhece o seu trabalho?

As pessoas costumam me conhecer por ‘Cruel’, e por ser a música que estou trabalhando agora eu diria ‘Arroz com Feijão’. Mas tem uma música que eu tenho muito carinho que é ‘Tempo’, ela fala bastante comigo. Fala sobre ansiedade que é um problema meu e de grande parte da minha geração.

Para finalizar, tenho uma pergunta de um fã. O Rickerson do @cantinhoninafernandes gostaria de saber como foi para você dividir o set não só com os figurantes, mas também com os seus fãs.

Foi uma delícia, ‘Arroz com Feijão’ talvez tenha sido o clipe mais divertido de gravar por causa disso porque eu pude incluir pessoas que eu sei que admiram o que eu faço, e não ha nada mais apropriado. Afinal de contas eu faço principalmente por essas pessoas, foi emocionante e muito lindo. Inclusive também foi muito lindo ele ter participado.

Confira abaixo o vídeo musical de ‘Arroz Com Feijão‘:

Alinne Torre
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Tema por Gabriela Gomes