O texto a seguir não contém spoilers.
A terceira temporada de ‘Stranger Things’ é marcada por um amadurecimento brusco. Dos personagens, que vivem seus dramas no meio do caos, e da série de modo geral que adquiriu uma consistência ideal.
Sendo assim, o roteiro parece ter sido extraído de um futuro o qual nada além da perfeição é aceito. Os diálogos foram bem elaborados e tiveram o papel central na transformação da produção em algo atemporal e relacionável. Nesse contexto, o humor inserido é discretamente leve e atende a todas as faixas etárias. Mas, é importante ressaltar que a classificação indicativa é de 16 anos. E as questões levantadas – como sexualidade, amizade e namoro – são abordadas com muita naturalidade mesmo com conservadorismo americano da época.
Novos grupos, mistérios e efeitos especiais são um grande destaque
O mistério, assim como nas outras temporadas, está mesclado a cultura pop, a ficção cientifica, e ao terror. Com isso, os episódios formam um quebra-cabeça, e o interessante é que os Irmãos Duffer possibilitam que cada personagem encontre uma peça importante. Decorrente a isso, novos grupos foram estabelecidos e a dinâmica dos grupos os quais já estamos familiarizados, foi alterada. E junto a isso, há uma nova dinâmica na cidade com a inauguração do Shopping, ambiente que torna-se palco dos acontecimentos.
Além disso, a série enfia o dedo na ferida deixada pela Guerra Fria, trazendo esse conflito para as telas. Por trás de sua aparência juvenil, a terceira fase de ‘Stranger Things’ é sombria, violenta e ainda mais nerd. Os efeitos especiais combinados com a direção de imagem que foi feita de maneira impecável, trazem profundidade ao roteiro e ao terror. O estomago embrulha, os olhos são presos a tela e a mente oscila entre a fascinação e o medo.
Porém, engana-se quem acredita que a série se limita apenas ao plano de ficção cientifica. Ao mesmo tempo em que lidam com os russos e com o Devorador de Mentes, os personagens também tem espaço para os seus objetivos pessoais. Decorrente a isso, é criada uma maior intimidade entre o espectador e os protagonistas, aproximando o inventado da realidade. A temporada termina de maneira inesperada deixando vários ganchos para uma quarta fase – que provavelmente será ainda mais madura.
A paixão colocada até nos mínimos detalhes, o escape que os 8 episódios proporcionam, a transmissão dos mais variados sentimentos e a falsa noção de que o relógio foi acelerado enquanto eu imergia nessa terceira fase de Stranger Things, respondem uma de minhas grandes perguntas, ‘Por que estudar cinema?’.
Confira o trailer:
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